A nova temporada de Black Mirror chegou à Netflix com uma surpresa inesperada: o episódio Bête Noire foi lançado em duas versões diferentes, sem qualquer aviso da plataforma. A mudança sutil, porém intencional, confunde o público — e essa é justamente a proposta dos criadores.
Na história, acompanhamos Maria, vivida por Siena Kelly, que começa a duvidar da própria memória ao perceber pequenas incoerências em seu cotidiano. Um exemplo é o nome de uma lanchonete que, em uma versão do episódio, aparece como “Barnies”, e em outra, como “Bernies”. Esses detalhes mudam conforme o dispositivo ou a conta usada, gerando experiências diferentes para cada espectador.

A estratégia lembra o que a série já fez com Bandersnatch, mas dessa vez, sem alertas ou escolhas explícitas. O objetivo é colocar o espectador na mesma situação da protagonista: confuso e sem saber o que é real.
Nas redes sociais, fãs começaram a comparar cenas e trocar relatos sobre as diferenças percebidas, descobrindo que a confusão era parte do enredo. O criador da série, Charlie Brooker, mais uma vez usa a própria plataforma como extensão da narrativa, desafiando a percepção do público e explorando os limites da memória e da confiança nas tecnologias.
Com Bête Noire, Black Mirror reforça seu lugar como uma das produções mais provocativas da atualidade — e dessa vez, a experiência vai além da tela.