Cinemark aposta em conteúdo original e faz parceria com a Huuro

8 de março de 2021

Por Alana Santos

“Não existe filme ruim, todo filme é bom para alguém”: Novo podcast será apresentado por Érico Borgo e Aline Diniz.

Em março, a Cinemark entra de cabeça no universo da produção de conteúdo através da nova parceria com a Huuro, produtora criativa focada em entretenimento liderada por Érico Borgo (ex-Omelete, ex-CCXP).

Além de patrocinar a plataforma da Huuro, a Cinemark investe em produção original e lança está o podcast Não existe filme ruim, todo filme é bom pra alguém, que será apresentado por Érico e Aline Diniz. Toda semana, um papo  bem-humorado sobre filmes que performaram mal nas telonas ao estrear mas depois ganharam o coração de muitos cinéfilos.

Acreditamos que conteúdo é um caminho sem volta. Quanto mais pesquisamos sobre a nossa base de clientes e mais entendemos seus hábitos, fica claro que o interesse é constante e multiplataforma. O cinema é uma arena querida de ver os conteúdos inéditos com tela grande e ótimo som, mas o diálogo não acontece nas nossas salas. Entendemos que o cinema é a tela que une, mas existe um pré e um pós-filme que não participávamos tanto e queremos entrar. Participar dos estudos para ver um filme novo, rever os anteriores antes de uma sequência e principalmente, estar nos diálogos posteriores. Essa plataforma terá tudo isso, recheada de especialistas de cada assunto“, explica Daniel Campos, Diretor de Marketing da Cinemark.

  

O podcast estreia hoje, dia 8 de março, e estará disponível nas plataformas de streaming Spotify, Deezer, Google Podcast e Apple Podcast. Um novo episódio é lançado quinzenalmente.

Nerd raiz, terror e humor

Além do podcast e da própria Huuro, a Cinemark está patrocinando conteúdos que serão disponibilizados no canal do Youtube da produtora.

O programa Borgoverso, apresentado por Érico Borgo, faz uma exploração profunda e especializada da cultura pop misturando notícia, opinião, crítica e teorias nerds. Bem no estilo do que Érico chama de “nerd raiz”. E para quem ama cinema mas não abre mão de boas risadas, o humorista Jhonatan Marques comandará o programa Desfocados, focado em histórias conhecidas mas abordadas a partir do olhar de personagens negligenciados nos filmes.

Os fãs de terror também podem comemorar. Em Hora do Horror Huuro, a especialista Dane Taranha recebe casos do público que são dramatizados em forma de animações fofas, mas tenebrosas. As histórias também inspiram uma seleção de séries, podcasts e filmes de gelar o sangue.

Entrevista com Daniel Campos

Por que investir em conteúdo? E em especial por que investir em conteúdo Original Cinemark?

Acreditamos que conteúdo é um caminho sem volta. Quanto mais pesquisamos sobre a nossa base de clientes e mais entendemos seus hábitos, fica claro que o interesse é constante e multiplataforma. O cinema é uma arena querida de ver os conteúdos inéditos com tela grande e ótimo som, mas o diálogo não acontece nas nossas salas. Entendemos que o cinema é a tela que une, mas existe um pré e um pós-filme que não participávamos tanto e queremos entrar. Participar dos estudos para ver um filme novo, rever os anteriores antes de uma sequência e principalmente, estar nos diálogos posteriores. Essa plataforma terá tudo isso, recheada de especialistas de cada assunto. Como o Érico diz: ‘sou fã e quero service”, então, vamos atuar para entregar isso.

Ao buscar uma parceria, por que vocês apostaram na Huuro – uma plataforma nova com velhos conhecidos do público?

Queríamos algo inédito, com formatos desenhados pensados nos fãs, estudávamos como fazer, abrimos muitas possibilidades. Durante o festival “De volta para o cinema” nos aproximamos muito do Érico e contamos isso… quando contamos ele devolveu que tinha um projeto que remava pro mesmo lado e depois disso foi algo MUITO natural. A sinergia foi perfeita. Rostos conhecidos fazendo coisas novas de maneiras novas, mas 100% focadas nos fãs.

De onde surgiu a ideia do podcast?

O processo de montar o CRM da Cinemark começa nesta grande crença: Não existe filme ruim, todo filme é bom para alguém. O mesmo conteúdo pode ser amado e rejeitado, dependendo da história de vida e dos estímulos de cada um. Queremos discutir isso, propor o diálogo sobre essa forma de olhar os filmes, rever com outro olhar, em outra fase da vida e temos uma missão muito importante: juntar as pessoas aos seus filmes. Não poderia ter uma forma melhor de abrir esse diálogo do que com um conteúdo inédito e feito por essas duas feras, é muito bom ver o Érico e a Aline juntos falando sobre filmes e dá um enorme orgulho proporcionar isso para os fãs.

Existe algum critério na seleção dos conteúdos que vocês irão coproduzir ou patrocinar?

O critério é o interesse dos consumidores. Monitorar constantemente isso é a única forma de dialogar, todos os meses faremos coisas novas e trabalharemos conteúdos diferentes, a única coisa que não pode mudar é a origem disso: o que nossos clientes querem falar? O que eles querem saber mais? A base será sempre isso. 

A Cinemark tem a tradição de oferecer conteúdos alternativos nas telas de cinema. Como essa ação com a Huuro se conecta com esse histórico? Vem mais inovação em conteúdo por aí?

Nossas salas são arenas de bons conteúdos. Tudo que uma boa base de clientes tiver interesse em ver em uma tela gigante, com um som incrível, nós temos interesse em entregar. A plataforma de conteúdo falará disso constantemente e com certeza teremos novas histórias para contar.

Entrevista com Érico Borgo

Como este projeto foi desenhado em conjunto com a Cinemark?

Nós trabalhamos juntos no Festival De Volta Para o Cinema, onde eu atuei como curador para o movimento Juntos Pelo Cinema. Nesses meses ao lado da indústria pude entender o funcionamento completo de uma estrutura de exibição de filmes. Antes meu conhecimento era mais focado na distribuição, nos estúdios. Em um momento tão difícil como a pandemia, as soluções criativas para uma indústria que foi uma das primeiras a serem atingidas foram necessárias como nunca – e fomos estreitando naturalmente nosso contato, já que o desafio exigia um nível de conversas estratégicas sem precedentes. Aos poucos, entendemos que ambas as empresas estavam buscando objetivos parecidos, por estradas distintas. E começou a fazer muito sentido pavimentar um caminho em comum.

Qual critério vocês utilizaram para escolher os formatos e temáticas?

Tivemos carta branca da Cinemark para criar o que quiséssemos. Eles nos apoiaram em todas as ideias. O critério aqui é um só, criar um conteúdo que fale diretamente com o fã mais ardoroso de cultura pop que existe, que é o maior frequentador das salas Cinemark. Os temas são decididos pela Huuro com base em uma série de fatores, como agendas de lançamentos, datas comemorativas ou simplesmente observando as conversas dos fãs. E aí vemos se algum desses temas ou programas tem fit natural com um produto Cinemark, já que estamos cientes de todas as estratégias deles. Se o produto ou serviço agregar à história, vamos colocá-lo na conversa. 

O que o cinéfilo poderá encontrar no canal da Huuro?

A conversa mais profundamente nerd que somos capazes de fazer e que todo fã de verdade gosta de assistir, além de humor (uma vertente em que estamos cada vez mais interessados) e formatos diferentes. E vamos mudar tudo o tempo todo, de podcasts a vídeos e redes sociais, ouvindo o feedback das pessoas. 

É verdade que não existe filme ruim?

O podcast Não Existe Filme Ruim, que apresentarei ao lado da Aline Diniz, é de certa forma uma desconstrução do meu trabalho até aqui. Eu sempre fui muito crítico, muito duro, técnico e analítico. Mas nesse novo momento estamos discutindo muito sobre como as bagagens de cada um alteram a percepção de qualquer tipo de produção. Minha opinião sobre o que é ou não ruim desmorona perante um argumento desses. Está sendo uma redescoberta do meu próprio trabalho esses questionamentos. “Todo filme é bom pra alguém” e nesse podcast, que estará nas plataformas Cinemark, vamos tentar entender as razões – mas sem deixar de dar nossa opinião, claro.

Entre os filmes que não receberam a devida atenção na estreia, liste 3 entre seus preferidos e nos conte o porquê.

Eu assisti ao Duna de David Lynch – que ele mesmo renega – em uma época tão ideal da minha infância que sou incapaz de achar que o filme é ruim, como tanta gente acredita. Ele me falou tudo o que eu precisava ouvir em um momento perfeito. ANos depois, quando li o livro de Frank Herbert pela primeira vez, adorei – tanto que ele se tornou um dos meus favoritos de todos os tempos – mas sempre me pego querendo que algumas das ideias do Lynch que foram criadas para o filme estivessem ali.

Outros dois filmes que muita gente (mesmo) considera ruim, mas que eu não consigo deixar de assistir e curtir são Mestres do Universo (o do He-Man de 87 com Frank Langella interpretando o Esqueleto com integridade shakespeariana) e um mais recente, o Speed Racer, das Irmãs Wachowski. É um frenesi visual que beira o incompreensível, com tanta coisa em foco e uma vontade de inovação de linguagem tão corajosa que é impossível não admirá-lo.