26 de novembro de 2021
O mercado mundial de animação vem crescendo e se tornando cada vez mais reconhecido. Em um artigo sobre o mercado consumidor de animação, publicado em 2019 pelo BNDSE Setorial, estimava-se que o consumo em animação deveria atingir US$ 270 bilhões em 2020, devido à alta demanda por entretenimento.
O animador e parceiro da Wacom, Pedro Eboli, conta que a carreira exige muita competência, prática, criatividade e paciência do profissional. Além disso, ele fala sobre as principais dicas para quem quer iniciar a carreira nessa área.
Pedro Eboli é carioca, mas atualmente mora em Los Angeles. Começou como animador em 2008 no estúdio Birdo, um dos principais estúdios de animação do Brasil, em São Paulo. Eboli é também produtor executivo e diretor de séries animadas, como Oswaldo (Cartoon Network), Cupcake & Dino (Netflix) e Ollie`s Pack (Nickelodeon).
Confira abaixo as dicas para quem quer iniciar carreira na área de animação:
Estudar é o primeiro passo para começar qualquer carreira e como animador não é diferente. Cursos ou tutoriais na internet podem ajudar a entender algumas técnicas e processos.
“Animação é uma arte bastante complexa e cheia de técnica. Claro, não existe um só jeito de animar, mesmo assim existem algumas regras básicas que ajudam qualquer tipo de animador a entender e aprimorar sua arte”, explica Eboli.
Ter paciência ao estudar e treinar faz com que o artista se torne mais profissional e focado. Para Eboli, “não importa o estilo que você goste, tem que praticar por horas, dias, meses e anos. Então, pratique. Sem medo de errar. Cada um tem a sua jornada para chegar lá, mas todos os animadores de sucesso têm em comum a paciência para aprimorar seu trabalho!”
Fazer exercícios básicos de animação é importante para os iniciantes, comece com pequenos passos para desenvolver as técnicas e habilidades que vão te fortalecer no mercado de trabalho.
“Anime uma bolinha quicando no chão, ou um personagem simples pulando de um ponto A para um ponto B, ou um ciclo de caminhada. Não pense muito no design do personagem, no cenário ou na narrativa por trás da cena. Escolha um design e foque no movimento e no timing. Procure na internet alguns desses exercícios fáceis. Eles contêm quase todos os fundamentos básicos que você precisa para animar coisas mais complexas”, conta o artista.
Depois de praticar por um longo tempo e já ter animações prontas, é certo juntar todas as animações em um “demo reel” para mostrar a evolução do trabalho.
Pedro explica que: “o demo reel é um vídeo contendo os seus melhores trabalhos de animação. Não coloque nada na sua demo que não represente o seu nível atual de técnica. O seu demo não precisa ser longo. A demo é o seu principal instrumento para conseguir um trabalho de animador em um estúdio, porque é a prova real do seu nível atual como animador. Não esqueça: uma demo curta, forte e eficaz é o melhor jeito!”
Quando já se tem prática, é importante fazer as animações em diferentes softwares, isso auxilia na decisão de qual é o melhor para usar, além de adquirir experiência em softwares que o mercado de trabalho exige. Existem ferramentas e softwares que contribuem para que o trabalho se torne mais fácil e rápido no digital. A Wacom também disponibiliza licença temporária de softwares parceiros do mercado criativo, após a compra de um produto.
“Na hora de aprender a animar em casa, ou de fazer seus projetos pessoais, utilize o programa que você achar mais fácil ou mais prazeroso de usar. (Eu sempre preferi o Adobe Flash/Animate para animar). Mas na hora de procurar um trabalho num estúdio, o software faz diferença. Se você quer trabalhar em séries animadas em 2D, as chances maiores são que o estúdio use o ToonBoom Harmony. Então é sempre válido pelo menos entender o básico de como ele funciona”, recomenda Eboli.
A última dica é se concentrar no que gosta de trabalhar e produzir um portfólio voltado às habilidades e perspectivas de trabalho.
“Se você quer trabalhar com animação e não quer animar, tem outras posições no estúdio. Pode trabalhar com design de personagem, de props (os objetos que os personagens interagem), design de cenários, artista de rigging (que monta os ‘esqueletos’ dos personagens para serem animados), artista de storyboard, ou até mesmo roteirista. Fazer desenho animado depende de muita gente dedicada e talentosa trabalhando em conjunto”, comenta Eboli.