8 de setembro de 2016
Os formandos dos cursos de graduação e MBA da faculdade paulista Fiap não têm que entregar uma monografia como trabalho de conclusão de curso, mas desenvolver um plano de negócio para a startup que criaram durante as aulas.
Os melhores projetos são apresentados a investidores e aceleradoras, e as equipes responsáveis ganham ainda um curso intensivo na Babson College, considerada uma das melhores escolas de empreendedorismo do mundo, em Massachuetts.
Esse comportamento mais empreendedor tem sido cada vez mais valorizado pelas empresas, diz à INFO Marcelo Nakagawa, diretor de empreendedorismo daFiap. Os alunos aprendem a identificar uma oportunidade, planejá-la e validá-la no mercado. Outro benefício é o domínio de novas técnicas de planejamento e inovação como, por exemplo, Business Model Canvas e Lean Startup, que ainda são pouco trabalhadas nas escolas de negócios e tecnologia.
O chamado Business Model Canvas, um mapa visual que possui nove blocos do modelo de negócios, é usado como ferramente de gerenciamento estratégico. Já o Lean Startup é um conjunto de processos aplicados por empreendedores para desenvolver produtos, e de forma rápida, levando em conta o mercado em si e o feeback dos clientes.
Para concluir o curso, os alunos participam de um programa da própria faculdade chamado Startup One, que possui diversas fases de desenvolvimento e que, no final, troca a tradicional defesa de TCC por um pitch. As dez melhores ideias são apresentadas a uma banca externa, composta por empreendedores, investidores e convidados da área de tecnologia.
O método começou, inicialmente, a ser aplicado para todos os cursos de MBA em 2013 e deu tão certo que passou a ser adotado também por todos os cursos de graduação da Fiap. Para os alunos da graduação, a vivência do mercado é ainda mais relevante, pois em geral eles ainda têm pouca experiência profissional e networking, diz Nakagawa. Há versões do Startup One para a MBA e para a graduação.
A resposta dos alunos é positiva e muitos deles pretendem seguir com o projeto mesmo após já ter concluído o curso. Confesso que, quando soube da proposta, fiquei um pouco receoso, pois achei que era muita coisa, disse Felipe Cauê Fraga Carneiro, 27 anos, que se formou em novembro passado no curso de MBA de Engenharia de Software Orientada a Serviços.
Mas depois percebi que não estava meramente escrevendo um texto cheio de referências teóricas, e sim fazendo algo que poderia ser realmente útil às pessoas. Carneiro foi um dos idealizadores da startup Espichou? Trocou!, uma plataforma online que incentiva a troca de itens infantis entre pais e comunidades por meio de um mecanismo de busca. Ele e seu grupo retonaram recentemente do curso em Babson.
Já a primeira equipe ganhadora na graduação criou um robô de monitoramento e segurança. O grupo se formou em engenharia da computação em novembro passado e neste mês também foi à Babson. A máquina foi projetada para fazer rondas em áreas como terminais portuários e condomínios, a baixo custo, e acabou ganhando o primeiro lugar em uma competição internacional de startups em Babson chamada Rocket Pitch.
Mais do que um monte de papel impresso, o aluno vive a sua ideia, mesmo que não venha a colocá-la em prática no futuro. No final, o que importa é termos alunos com boa formação técnica e comportamento mais empreendedor e inovador, disse Nakagawa.
A experiência no exterior das esquipes premiadas ano passado
As três melhores equipes da segunda turma do Startup One que foram premiadas com o curso na Babson College voltaram recentemente ao Brasil. Por cinco dias, de 6 a 10 de julho, todos os integrantes de cada uma das startups tiveram aulas de empreendedorismo em tempo integral e puderam também apresentar suas startups tanto para os professores quanto aos alunos de diferentes países.
As equipes contaram a INFO sua experiência. A matéria que mais me chamou a atenção, e eu com certeza irei aplicar na minha startup, foi a de Design Thinking, ministrada por Sebastian Fixson [professor de Babson e Ph.D em administração pelo MIT], disse Felipe Carneiro, da startup Espichou? Trocou!. A forma como o design thinking foi apresentado para a gente mudou a maneira como o grupo vai resolver problemas a partir de agora.
Outra startup ganhadora, o aplicativo Dim-Dim, propõe atividades interativas para ensinar às crianças conceitos de economia e ajuda os pais no controle da mesada dos filhos. Saímos de lá com várias ideias para expandir e ganhar escala, ideias vindas dos professores e também dos alunos, disse Germano Parra, 24 anos, um dos idealizadores do projeto.
Já a startup Mo.nu propôs uma plataforma online que reúne informações sobre um paciente para que o nutricionista faça um diagnóstico mais rápido e preciso. “Convivemos com universitários e empresários de países como Chile, Costa Rica, México e Venezuela. A troca de experiências com outros participantes foi o mais marcante para mim, disse William Hiroshi Awaji, 28 anos, um dos criadores do Mo.nu.