A partir da última segunda-feira, dia 1º, uma das versões do Mickey Mouse entra em domínio público pela primeira vez após quase um século de proteção de direitos autorais.
A imagem do Mickey Mouse sempre foi associada com a marca Walt Disney Company, mas agora no primeiro dia de 2024, os direitos autorais da Disney sobre “O Vapor Willie” e a versão sem som de Plane Crazy — feitos em 1928 — expirarão. Isso significa que o primeiro curta-metragem de Walt Disney com Mickey Mouse estará disponível para uso público.
A Disney lutou por anos com o tema dos direitos autorais, inclusive sendo a responsável para o aumento em 95 anos de direito sobre imagem, contudo, a própria Disney construiu um legado extenso e bem-sucedido através da construção em cima de obras que estavam em domínio público. É o caso de “Frozen”, inspirada em “A Rainha da Neve”, de Hans Christian Andersen; “O Rei Leão”, que se baseia no “Hamlet” de Shakespeare.
“Steamboat Willie” (“O Vapor Willie”) estreou em 1928, ajudando a lançar Mickey Mouse e Walt Disney no mundo. Como a lei de direitos autorais dos EUA — atualizada pela última vez pelo Congresso em 1998 — permite que os direitos autorais sejam mantidos por 95 anos, a reivindicação exclusiva da Disney sobre o personagem está prestes a terminar.
Jennifer Jenkins, diretora do Centro Duke para o Estudo do Domínio Público, descreve que o domínio público é o “pão com manteiga” da Disney.
“Você poderia criar um remake feminista com Minnie Mouse como figura central. Você poderia reimaginar Mickey e Minnie se dedicando ao bem-estar animal”, exemplifica a pesquisadora. Mas, ela alerta para alguns direitos e prerrogativas subsistentes nesse processo:
- Apenas as versões originais de Mickey e Minnie Mouse de 1928, estarão livres de direitos autorais, portanto não é possível usar os personagens com elementos protegidos por direitos autorais ou suas versões posteriores;
- Quem quiser utilizar a imagem precisa estar atento para não confundir os consumidores, fazendo-os pensar que a criação é produzida ou patrocinada pela Disney como uma questão de lei de marcas registradas.
Existem diferenças entre o Mickey de 1928 e o mascote da empresa hoje. O Mickey de “Steamboat Willie” não tem as luvas e os sapatos grandes do Mickey atual, e seus olhos são pequenos ovais pretos sem pupilas.
Em comunicado à CNN, um porta-voz da Disney disse que a versão moderna do Mickey não será afetada pela expiração dos direitos autorais.
A Disney não está desistindo do Mickey
Devido à marca registrada da empresa em versões posteriores do Mickey Mouse, você também não verá o Mickey servindo como mascote de outra empresa. Apesar da expiração dos direitos autorais, adotar o famoso ratinho da Disney pode ser uma coisa complicada de se fazer.
Ela explica que, no entanto, existem algumas exceções ao controle rígido da Disney sobre seu Mickey Mouse. Até mesmo a sua versão mais moderna pode ser exibida para fins educacionais, sátira ou paródia, disse Lee.
O porta-voz da Disney confirmou à CNN que a empresa planeja ser proativa na proteção de sua marca.
Foi divulgado o trailer de um filme com uma versão psicopata do ratinho Mickey no dia que o personagem entrou em domínio público.
Além disso, Mickey não é o único personagem clássico a entrar em domínio público nos últimos anos. Em 1º de janeiro de 2022, os direitos autorais do personagem original do Ursinho Pooh de AA Milne também expiraram. Isso abriu a porta para interpretações mais criativas do ursinho de pelúcia antropomórfico, incluindo o filme terrorista de 2023, “Winnie the Pooh: Blood and Honey”.
No Brasil, a legislação vigente assegura à Disney a exclusividade de Mickey até 2036. De acordo com a lei 9.610/98, que regulamente os direitos autorais, o direito exclusivo sobre uma obra se encerra a partir do primeiro ano após 70 anos da morte do autor. Como Walt Disney morreu em 1966, seu uso no país estará permitido somente daqui doze anos.
Reprodução/Walt Disney Company.